Caro leitor,

Hoje, quero começar com uma reflexão: quantas vezes você já se pegou adiando aquelas tarefas que realmente precisavam ser feitas? Aquele projeto importante que você começou a planejar e que acaba sendo deixado para depois? É fácil se perder na correria do dia a dia e acabar procrastinando, mas você já parou para pensar em como isso tem impactado sua vida?

Ontem, coloquei uma enquete sobre a procrastinação aqui no Linkedin. No texto de apresentação, eu falei sobre um estudo de pesquisadores do Instituto do Cérebro de Paris publicado em setembro de 2022 que encontrou evidências de que as pessoas que costumam procrastinar têm uma amígdala maior – a parte do cérebro responsável pelas emoções, principalmente as negativas. Se você não viu e não respondeu correla lá que ainda dá tempo, segue o link: ENQUETE SOBRE A PROCRASTINAÇÃO

Os impactos da procrastinação

A procrastinação, mesmo que pareça inofensiva no início, pode ter consequências profundas. O que começa como um simples “depois eu faço” pode se transformar em um ciclo de atrasos, ansiedade e estresse. A sensação de culpa por não ter feito o que deveria só aumenta, e o tempo que poderia ter sido usado de forma produtiva se torna um desperdício que pesa na balança da sua vida.

Infelizmente, muitas vezes, a procrastinação contribui para a estagnação na carreira. Quando deixamos de tomar as ações necessárias para avançar, acabamos não adquirindo as habilidades e conhecimentos que nos ajudariam a nos destacar. Isso pode fazer com que os outros nos vejam como desorganizados ou pouco confiáveis, criando uma barreira para o nosso crescimento profissional e, em casos mais sérios, até colocando em risco a nossa posição no trabalho.

Mas calma, não estou aqui para julgar! A verdade é que todos nós procrastinamos de vez em quando e isso não é um problema. A questão começa quando essa procrastinação se torna um hábito diário, como um copo de vinho que, quando exagerado, pode nos fazer mal. Precisamos cuidar para que isso não se torne algo que atrapalhe a busca por nossos objetivos.

Se você se identificou com algum desses cenários, saiba que é possível mudar essa situação e retomar as rédeas da sua vida. Fique comigo até o final deste artigo, pois vou compartilhar dicas valiosas sobre a procrastinação e como você pode deixar esse hábito para trás de uma vez por todas. Vamos juntos nessa jornada?

Mas o que é a procrastinação?

A procrastinação é o ato de adiar intencionalmente uma tarefa que nos causa desconforto em favor de uma gratificação mais imediata. Essa é uma dinâmica intrigante do nosso comportamento humano.

De acordo com a neurociência, quanto mais desafiadora e complexa percebemos uma atividade, maior a tendência de adiá-la. É como se nosso cérebro estivesse constantemente pesando o esforço necessário para realizar uma tarefa em relação ao prazer que ela pode proporcionar.

Essa propensão é, na verdade, uma resposta natural do nosso cérebro, especialmente da parte mais antiga e primitiva, conhecida como cérebro reptiliano. Essa área é fundamental para nossa sobrevivência, pois está ligada aos instintos básicos de proteção, busca por alimento, abrigo e segurança.

Milhares de anos atrás, em um mundo repleto de perigos, nosso foco era apenas a sobrevivência. Por isso, aprendemos a economizar energia para caçar ou para fugir rapidamente de um predador. Esses instintos ficaram profundamente enraizados em nossa neurologia, sendo acionados em muitas situações cotidianas. É por isso que a procrastinação se torna uma constante em nossas vidas: é uma tentativa do cérebro reptiliano de evitar o desgaste e conservar energia, mesmo que isso acabe nos levando a mais estresse e frustração. Assim, entender essa dinâmica é o primeiro passo para superá-la e encontrar um equilíbrio mais saudável entre prazer e produtividade.

Quais são as causas da procrastinação?

A procrastinação, surpreendentemente, é um comportamento instintivo que ocorre de forma inconsciente. Ela faz parte das reações do nosso cérebro reptiliano, que tem como principal objetivo garantir nossa sobrevivência, evitando, assim, qualquer gasto desnecessário de energia.

Essa parte primitiva do cérebro tende a interpretar atividades que não julga “essenciais” ou que não têm um impacto direto na nossa sobrevivência como sendo de menor importância. Por exemplo, do ponto de vista evolutivo, ir à academia para se exercitar ou seguir uma dieta rigorosa que reduz a ingestão de calorias – e, portanto, a nossa fonte de energia – não são comportamentos “naturais” para esse tipo de cérebro.

De maneira similar, em relação a qualquer atividade, se não houver um sentido de urgência ou um propósito bem definido, o cérebro reptiliano nos empurrará em direção à procrastinação. Ele prefere que direcionemos nossa energia para atividades mais prazerosas, que envolvem recompensas imediatas, ou que satisfaçam necessidades essenciais à sobrevivência.

Em resumo, a procrastinação pode ser vista como uma estratégia do cérebro para minimizar esforços em situações que não nos oferecem uma recompensa clara ou urgente.

Descubra seu tipo de procrastinador e transforme seu tempo!

Você já parou para pensar por que adia algumas tarefas? O primeiro passo para vencer a procrastinação é entender qual é o seu perfil. Cada tipo tem suas características e, por consequência, suas soluções específicas. Vamos conhecer 5 perfis de procrastinadores e descobrir onde você se encaixa!

1. O Perfeccionista

Se você costuma se perder nos detalhes, talvez seja um perfeccionista. Essa busca pela perfeição pode fazer com que você hesite em começar novos projetos, sobrecarregando-se com expectativas irrealistas. E quando finalmente se dedica a uma tarefa, pode acabar obcecado pelos mínimos detalhes, aumentando o tempo de produção.

Dica para você: Defina claramente o propósito de suas tarefas. Estabeleça prazos e foque em cumprir as partes essenciais primeiro. Depois, quando tudo estiver no caminho certo, ajuste os detalhes. Lembre-se: o importante é começar!

2. O Sonhador

Se sua mente vive cheia de ideias brilhantes, mas você tem dificuldade em trazê-las para a realidade, você é um sonhador. Seu talento para o planejamento é incrível, mas pode acabar se perdendo na imaginação e deixar as ações em segundo plano.

Dica para você: Domine sua criatividade! Estabeleça metas específicas e realistas, dividindo-as em objetivos diários, semanais, mensais e anuais. Utilize indicadores para acompanhar seu progresso e traga suas ideias à vida!

3. O Evitador

Se você é alguém que vive preocupado e evita tarefas que parecem desafiadoras, provavelmente pertence ao perfil do evitador. O medo de falhar pode ser paralisante, fazendo com que você apenas procrastine em vez de enfrentar a tarefa.

Dica para você: Comece cada dia definindo prioridades. Foque nas tarefas mais importantes, especialmente no início do dia, quando sua energia está mais alta. E, se sentir que uma tarefa é complexa, divida-a em pequenas partes.

4. O Criador de Crises

Você se identifica com a adrenalina dos prazos apertados? Se procrastina intencionalmente, deixando tudo para a última hora, pode ser um criador de crises. Essa abordagem parece emocionante, mas muitas vezes é uma forma de gerir mal o seu tempo.

Dica para você: Reconheça que trabalhar sob pressão não é a melhor estratégia. Fracassos podem ocorrer por falta de revisão. Experimente a técnica Pomodoro para administrar melhor seu tempo e se manter no ritmo!

5. O Procrastinador Ocupado

Se você se sente constantemente sobrecarregado e tem dificuldade em priorizar tarefas, pode ser um procrastinador ocupado. Com tantas atividades em mãos, você pode se sentir perdido e acabar adiando decisões.

Dica para você: Faça uma lista de suas atividades. Avalie o que é realmente necessário e o que pode ser deixado de lado. Utilize a Análise ABCD para ajudar a definir prioridades e focar no que realmente importa.

Agora que você conhece esses perfis, que tal fazer uma autoavaliação? Identifique qual tipo de procrastinador você é e siga as dicas específicas para transformar sua relação com o tempo.

Quebrando o ciclo da procrastinação

O primeiro passo é fundamental: reconheça o que realmente aciona a sua procrastinação. Pode ser aquela maratona de séries na Netflix, as redes sociais chamando sua atenção, um cochilo irresistível ou até mesmo um convite para sair com os amigos. Esses são apenas alguns exemplos que nos levam a deixar as tarefas de lado.

Depois de identificar o seu gatilho, a próxima etapa é formular uma ação concreta que te empurre para a execução do que precisa ser feito, substituindo aquilo que te distrai. Considere isso como um novo hábito que vai te ajudar a retomar o foco. Após completar a tarefa, é importante oferecer a si mesmo uma recompensa – algo que te faça sentir bem e valorize seu esforço.

Agora, reflita:

– O que realmente te distrai e faz você procrastinar? (gatilho)

– Que ações, comportamentos, pensamentos ou posturas você pode adotar para mudar esse cenário e vencer a procrastinação? (rotina)

– O que você adora fazer que poderia funcionar como uma recompensa? Pense em algo especial que só será realizado após a conclusão das atividades que você precisa cumprir. (recompensa)

Com essas reflexões e estratégias, você estará pronto para deixar a procrastinação para trás.

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Um grande abraço e boa sorte!

Fabiana Santiago